quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A AURORA DOS MORTOS

Acorde! A noite pouca é muita para os teus sonhos.
Não há mais tempo... Acorde!
Ouça o barulho das máquinas...
Escute o roncar do tempo em teus ouvidos.

Acorde agora! O dia está crescendo.
O sono intenso é muito ao teu cansaço.
Veja o rompante do sol
Surgindo entre os concretos.

Acorde já! Abra os teus olhos, toque no teu rosto.
As poucas rugas breve serão tantas...
Sinta o derrotar da tua pele triste
No tato rude das tuas  mãos cansadas.

Acorde! Jogue sobre a pia o teu cuspe amargo.
O gosto podre é doce para os teus lábios.
Escarre. Lave a tua boca.
Só há o mau hálito entre os teus verbos.

Vamos... Acorde! Sinta como fede o travesseiro.
O cheiro podre é dádiva nas tuas narinas.
Acorde! Acorde! O tempo está passando.
A aurora está morrendo... Acorde!!!
                                                                 Carleone Filho

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