segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Velha Árvore


Era a mãe na imensa floresta.
As suas crias floresciam em cores,
Olhando hoje o que só lhe resta,
De que valeram os tantos primores ?

Seus galhos grandes e retorcidos,
Ainda falam do seu passado.
Dos belos dotes, hoje esquecidos,
Dos doces frutos tão desejados.

Das velhas folhas soltas no outono,
Como se lágrimas em vendavais.
Ah! Velha árvore o seu abandono
Melancolia é o que me traz.
                                                                Carleone Filho

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A AURORA DOS MORTOS

Acorde! A noite pouca é muita para os teus sonhos.
Não há mais tempo... Acorde!
Ouça o barulho das máquinas...
Escute o roncar do tempo em teus ouvidos.

Acorde agora! O dia está crescendo.
O sono intenso é muito ao teu cansaço.
Veja o rompante do sol
Surgindo entre os concretos.

Acorde já! Abra os teus olhos, toque no teu rosto.
As poucas rugas breve serão tantas...
Sinta o derrotar da tua pele triste
No tato rude das tuas  mãos cansadas.

Acorde! Jogue sobre a pia o teu cuspe amargo.
O gosto podre é doce para os teus lábios.
Escarre. Lave a tua boca.
Só há o mau hálito entre os teus verbos.

Vamos... Acorde! Sinta como fede o travesseiro.
O cheiro podre é dádiva nas tuas narinas.
Acorde! Acorde! O tempo está passando.
A aurora está morrendo... Acorde!!!
                                                                 Carleone Filho

quarta-feira, 6 de outubro de 2010


                                                                                      Rembrandt
Sou mais belo que um boi esquartejado!
Mas, no entanto, nunca fui pintado,
Nunca me vi assim aberto e nu;
Sem couro nem vísceras.

Nunca me Vi assim... poético.
Belo-feio e anti-estético,
Vazio e admirado.

Minha matéria romântica errou
Por só expor minha beleza.
Não infringiu.
Não exprimiu intensamente o meu feísmo.

Não me tornou obra de arte!
                                                    Carleone Filho

terça-feira, 5 de outubro de 2010

 No espelho



















          Foi tristeza
O que vi nos teus olhos.
E os meus olhos
De tanta tristeza
Em ver os teus,
Quase choraram.

Quase choraram
Ao ver a lágrima,
Única gota d’orvalho
N’aurora da minha vida.

Quase choraram
E entardeceram,
Vendo brilhar nos meus olhos
Tua face entristecida. 
                                                                              Carleone Filho

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


VERBOS

Odeio os verbos!
todos os verbos e suas conjugações...

A vida com seus pretéritos,
Com seus presentes,
Futuros.

Sempre odiei o que de eterno há
Na boca humana que fala,
Seguindo as regras do tempo:

Sonhei,
Sonho,
Sonharei...

                     Carleone Filho