quarta-feira, 2 de novembro de 2022
domingo, 23 de outubro de 2022
domingo, 16 de outubro de 2022
quarta-feira, 12 de outubro de 2022
domingo, 9 de outubro de 2022
O Mensageiro - XXXVI Colóquio Internacional de Lusofonia - Açores, Portugal
Oh! Mar salgado, venho por ti a navegar com uma boa nova, O achamento de um novo mundo, de uma nova terra, de um novo tempo... Sigo por ti levada por ventos mutantes, Pelas estrelas, pelas correntes que me guiam ao meu destino.
Voaria a ti com a rapidez dos pássaros,
Ou se outros meios, hoje, ousasse ter,
Chegaria a ti com a rapidez dos segundos...
Na minha pele carrego o futuro, o entusiasmo...
O encantamento de uma nova humanidade,
Nascida do encontro entre culturas!
Levo comigo o homem sem pecado, sem vergonhas,
Vivendo entre folhas, frutos, flores e fartura.
Deixo a ciência, a cruz... A nossa fé!
E a certeza de um outro amanhecer!
E quando, quem sabe ? daqui há uns duzentos, trezentos, quinhentos anos,
Os olhos do mundo estiverem voltados para o passado,
Verão na nova terra, os feitos que nasceram das minhas palavras,
Da nossa língua Portuguesa, das línguas nativas e doutras que a ela se integraram
Da voz daqueles que por lá viviam,
E d’outros povos que por lá chegaram...
E o passado ? O passado, certamente, nos dará respostas,
Para pensarmos alto, sobre um novo amanhecer.
E virão sonhos, sorrisos...
E as lágrimas verdadeiras...
E longe irá a nossa história,
Longe irá, assim, distante, quase infinita!
Longe irá, também, o meu, o seu, o nosso destino
E nós seguindo vamos, somos peregrinos,
Temos muito a navegar...
Temos muito a repartir com o mundo
E o mundo a repartir com tantos...
Para onde iremos, neste novo mundo ?
Eu não sei... Nós não sabemos!
Mas navegamos.... Temos o nosso fardo!
Pouco importa, porém,
Pois a história, ontem d’outros,
Hoje se faz nossa!
E nunca irá acabar!
E o vento vai levando a vida,
E a vida vai levando a gente,
E o mundo segue indiferente,
Girando, girando...
domingo, 27 de março de 2022
MAS O QUE É A ARTE - Conceitos racionais sobre o indefinível.
Mas o que é a arte? O que a difere da realidade? Por que sentimos a real necessidade de produzi-la, admirá-la, de criticá-la ou enquadrá-la entre as molduras de padrões estéticos formais? Talvez, e já discordando de certos olhares críticos lançados por Tolstoi, a arte seja para muitos o que há de belo, ou quem sabe seja uma fórmula firmada sob pressões aristotélicas atemporais, tendo como base as oscilações do olhar.
Propulsora e libertária, difícil é defini-la! A arte na sua realidade nos cede possibilidades e traz na essência subjetiva e sinestésica um espírito encantador capaz de incitar paixões e transfigurar cotidianos. Talvez por isso seja tão difícil firmar definições que satisfaçam a seus simples admiradores ou fervorosos críticos. Para ela certamente não há uma verdade única, não há realidade cética que a oprima ou rotule. Os questionamentos acerca do seu conceito são muitos e certamente as respostas para a sua amplitude são bem mais numerosas do que pensa a nossa vã filosofia.
Não sei. Há tempos quando em meus devaneios observava pinturas renascentistas deparei-me com Rembrandt e o seu “Boi Esquartejado”. Causou-me estranhamento a beleza exposta entre o sangue, as vísceras e a morte em tons pastéis. Seria essa a essência da arte? A imagem captada de um cotidiano ficou em mim como se tinta fresca, viscosa, tal qual a carne bela/feia e antiestética exposta entre molduras pelo pintor. Certamente fora ali deixada com objetivos bem maiores que a minha simples percepção pôde captar.
Talvez
esteja aí a questão: captamos a arte ou ela é quem nos laça, nos encarcera?
Outro dia, preso frente a uma obra de Benê Olivier, artista plástico residente
em Porto Seguro, vi-me diante dessa inquietante dúvida. Havia entre os
estranhos traços das faces cortes que em muito fustigaram o meu olhar. Algo
entre o cotidiano exposto e uma atualidade significativa capaz de envolver, de
seduzir. A arte a arrebatar, propondo em outro plano uma empatia. O momento
recriado longe das caricaturas estereotipadas ou de foto-pinturas tão comuns
nas galerias espalhadas pelas ruas da cidade. Não que nestas não haja valores
ou beleza. Todavia, nas cores e nas formas expostas na arte de Benê, há uma
aproximação entre olhar espectador e o instante original da obra, capaz de
recriar conceitos. Para muitos: a verdadeira essência de toda arte!
Mas ser
essência decididamente não é ser real. A arte se redefine sob visões subjetivas
em momentos distintos, como uma força propulsora do ser humano em sua essência.
É uma arma libertária junto a qual vagueia utópica e iludida a liberdade do ver
e do criar. Tomemos como exemplo os corvos de Van Gogh, aqueles que para muitos
voam livres sobre o trigal; mas que verdadeiramente vivem presos às paredes
entre molduras e tempo, à espera de um olhar para criticá-los e assim ganhar o
mundo. Uma cruel realidade!
Entretanto para a arte o que vem a
ser real? Como então entendê-la, criticá-la ou simplesmente apreciá-la? Afirma
Tolstoi: “A arte é um órgão da vida humana, transmitindo a percepção racional
dos homens para o campo dos sentimentos”. É sinestésica! Capaz de definir e
redefinir em cada momento o seu sentido lógico em um sentido próprio, inerente
em seu primeiro plano a cada criador e a posterior às diversas visões
espectadoras. É também o que planeja ser dentro de cada processo individual, o
que a confere um caráter único e transitório que ultrapassa as fronteiras do
conhecimento.
Publicado em 12 de março de 2013 em Cítrica. - FUNCEB - Fundação Cultural do Estado da Bahia.